segunda-feira, 2 de junho de 2014

Por que resolvi fazer o Caminho de Santiago

     Há muitos anos atrás, quase 30 anos atrás, para ser mais exata, li "O diário de um mago" de Paulo Coelho e foi quando senti o magnetismo do Caminho pela primeira vez. Fiquei impressionada com esta incrível experiência mas, na época, era um sonho praticamente inatingível e guardei esta grande viagem dentro de mim com muito carinho, sem pensar mais nisso mas sem ter esquecido, também.
    Uma outra viagem que eu tinha muita vontade de fazer era ir à Espanha, país que eu gosto muito, para conhecer a região da Andaluzia - eu acabava indo em tantos outros lugares e deixava estas belas cidades para uma próxima oportunidade. No ano passado decidi conhecer esta região e fui à Sevilha, Córdoba e Granada. Foi uma viagem muito bonita pois os lugares são lindos e o povo espanhol igualmente, com uma simpatia e bondade inatas que nos convida a voltar sempre que possível! Em meu último dia em Sevilha, conversando com o taxista que estava me levando ao aeroporto, perguntei sobre o Caminho de Santiago e ele me disse que tinha muita vontade de fazê-lo e que o faria em breve. Contou-me também outras coisas e foi aí que entendi o respeito que o povo espanhol tem para com o Caminho, que é uma peregrinação encarada de um modo muito sério, por motivos religiosos ou não. Enquanto ele me contava tudo isso, senti que o meu coração tinha sido novamente tocado pelo Caminho, quase como uma fisgada, talvez pelo magnetismo com o qual este Caminho atrai as pessoas. Depois disto falamos sobre outras coisas e não tocamos mais no assunto e, para ser sincera, eu já nem lembrava mais desta nossa conversa porque lembro que olhava para tudo, da janela do taxi, para ver um pouco mais da bela Sevilha. Quando chegamos ao aeroporto, este taxista me ajudou com as malas e, despedindo-se, me deu a mão e disse: 
     - Quando eu fizer o Caminho vou me lembrar de você. 
     Estas suas palavras me tocaram profundamente e foi neste momento que pensei: "Na primeira oportunidade que tiver faço o Caminho de Santiago!"
     Não sei o nome deste taxista e ele nunca saberá que foram suas palavras que me deram a coragem e a determinação para fazer o Caminho. Agradeço a ele que me contagiou, de modo definitivo, a enfrentar este desafio que foi tão bonito e tão importante para mim, e queria que ele soubesse que eu também lembrei dele no meu Caminho.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Santiago... finalmente!

      Santiago não é a meta. O Caminho é a meta... mas confesso que eu queria muito chegar em Santiago e a emoção ao chegar... foi enorme!
      Foram sete dias de chuva e neste dia, além de chover muito, estava muito frio também. Mas eu não tinha tempo para pensar no frio ou na chuva porque eu estava chegando em Santiago! Estava na cidade, na estação de ônibus, e faltava realmente muito pouco para chegar. A emoção que sentia não consigo explicar – era uma mistura de sentimentos muito intensa! Sentia uma grande confiança em mim mesma, e não era por ter conseguido chegar em Santiago, mas a confiança em mim mesma que renovei durante o Caminho, e que me dava a serenidade para continuar o meu caminho de todos os dias da minha vida. O Caminho é um grande amigo, médico, psicólogo... Nele e com ele temos a possibilidade de encarar tantos “monstros” interiores, enfrentar nossos medos, nossas fragilidades, e compreender que somos maiores do que eles simplesmente porque conseguimos superá-los. 


     Ainda tenho muita coisa para contar e foto para publicar e a minha vontade, ao escrever este blog, é divulgar uma experiência tão bonita quanto forte, impressa realmente na memória do coração.
     Escolhemos os Santos por afinidade ou admiração pelo tipo de vida que tiveram enquanto homens e mulheres entre nós, seres humanos normais, da mesma forma que fazemos normalmente com as pessoas. E agora sinto que tenho mais um Amigo que faz parte da minha vida: Santiago!

 Eu já conseguia ver uma parte da torre da Catedral!

 







Praza do Obradoiro


E finalmente... eu estava na frente da Catedral de Santiago! 
Chovia tanto e estávamos todos debaixo dos arcos do Ayuntamiento de Santiago de Compostela, na frente da Catedral, aguardando uma oportunidade para tirar uma foto. Como já disse, espero poder ver tudo isso com muito sol na próxima vez!



Tanta chuva, mas tanta emoção!


Detalhe da torre - a imagem de Santiago


Parador de Santiago, na Praza do Obradoiro, ao lado da Catedral de Santiago



Algumas horas de sol no final do dia..


Lateral da Catedral de Santiago







Mosteiro de São Martinho Pinário, na Praça da Imaculada, em frente à fachada norte da Catedral, um mosteiro beneditino do século XVI que atualmente é um hotel que acolhe os peregrinos que querem visitar Santiago.




Altar da Catedral de Santiago



Podemos tocar ou abraçar a imagem de Santiago indo por trás do altar, onde tem uma porta com uma escada para subirmos e abraçá-Lo, como manda a tradição. 


Detalhe do Botafumeiro, que é uma cerimônia que tive a sorte de presenciar na sexta-feira, dia 23 de abril. Não é uma cerimônia feita regularmente e, fora das festividades católicas, é feita mediante pagamento. Este Botafumeiro não é o original. O original está guardado no Museu da Catedral e só sai de lá para as cerimonias, retornando em seguida.


Botafumeiro original, mantido no Museu da Catedral de Santiago.


Ponferrada

Uma cidade que vi apenas de passagem mas que merece uma visita não só para conhecer os lugares que certamente são bonitos, mas para rever Célia, uma amiga de Caminho!

     Ponferrada é uma cidade maior do que eu pensava e lá aconteceram coisas que marcaram o meu Caminho.
     Precisei apertar um pouco o ritmo para estar na quarta ou quinta em Santiago, pois queria passar uns dois dias naquela cidade. De Santo Domingo tomei um ônibus e segui para León, que é um local que eu gostaria de visitar. Cheguei na cidade quase no fim do dia e vi nos horários da estação que se eu passasse a noite lá eu teria problemas com os horários dos ônibus para o dia seguinte e acabaria atrasando um dia no meu Caminho. Resolvi pedir mais informações a um rapaz de uniforme que pensei que fosse o segurança da estação, explicando mais ou menos a situação, e ele, muito gentil, respeitoso e educado, como todos que encontrei no Caminho, me disse que não haveria ônibus que saísse cedo no dia seguinte, levando-me ao balcão de venda de passagens para confirmar se a informação era correta. A única informação certa que ele tinha para me dar era que sairia um ônibus para Ponferrada às 20:30 da noite daquele mesmo dia. Não queria pegar este ônibus pois iria chegar tarde na cidade e até procurar um "hotelito" (como ele mesmo disse), iria ficar muito tarde, mas se eu quisesse ficar realmente dois dias em Santiago, teria que ir.
      Este rapaz foi tão pronto em me ajudar que sentou ao meu lado nos bancos da estação para ligar para uma pessoa e perguntar o nome de um hotel/hostal para mim. E foi nesse momento que descobri que ele não era o segurança da estação mas o motorista da linha de ônibus que me levaria para Ponferrada! Quando sentamos vi outras duas mulheres, já sentadas, e este motorista começou a conversar com uma delas, Célia, e entendi que ela se prontificava a levar-me da estação ao hotel que eles conheciam. Lógico que o problema era meu mas, naquele momento, parecia que era um problema que eles precisavam resolver. É incrível a disponibilidade das pessoas que encontrei durante o Caminho em ajudar os peregrinos!
     Quando chegou a hora, Célia, sua filha Célia Maria e eu tomamos o ônibus que nos levou a Ponferrada em duas horas, mais ou menos, de caminho. Chegamos na cidade às 22:10 e Célia estava preocupada em não me deixar sozinha e me dizia, levando-me ao hotel: "Não se preocupe pois se não tiver vagas neste hotel você vai dormir na minha casa. Na rua você não fica"! Apenas duas horas que eu a conhecia e ela já me levaria para dormir em sua casa para que eu não tivesse problemas! Aquilo me fez pensar muito, pois será que eu teria feito a mesma coisa para ajudar uma pessoa em dificuldades num país estrangeiro?
     Quando chegamos ao hotel, Célia entrou comigo e disse ao proprietário que estava procurando um quarto para mim, da mesma forma como fazemos com uma criança que pegamos na mão para ajudar. Ela queria ter a certeza de que eu tivesse um quarto para dormir, em segurança. Estava tudo resolvido e fui com ela à calçada, para me despedir de uma pessoa que com certeza não esquecerei.





  


Carro da procissão da Semana Santa na frente da igreja de Ponferrada. Quando cheguei, a imagem de Nossa Senhora estava sendo recolocada na igreja.



Burgos









Catedral de Burgos - Patrimônio da humanidade






























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